quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A escola do Pietro

A Luiza foi para o berçário com 11 meses.  O Henrique foi para a escolinha com 2 anos e 2 meses.  Quando tive o Pietro, minha ideia original era retardar ao máximo a entrada dele na escola.  Era ficar com ele em casa, estimular o aprendizado e deixar para colocar na escola com 4 ou 5 anos quem sabe!  Mas aí nasceu o Francisco e o Pietro que tinha 100% de mãe para ele ficou só com uns 10%.  Ciúme, crises de birra, chororô e tal...  Isso começou a me deixar muito irritada e consequentemente ele também ficou irritado. E ficar meio de lado por conta da atenção que eu precisava dar para o Francisco, começou a deixá-lo muito agitado.  Comecei a cogitar a possibilidade de colocá-lo em uma escolinha.  Ele tinha 2 anos e 4 meses.  Em São Paulo inscrevi ele na creche.  Não estava com dinheiro para colocar em escolinha particular.  
Mas então viemos para a Bahia.  Três meses depois do nascimento do Francisco.  Chegando aqui e procurando escola para o Henrique encontramos uma escola pública que tinha creche.  Coisa mais rara creche aqui na cidade!  E que maravilha!  Era uma escola cuidada por uma associação chamada Associação Cristã Feminina.  Parecia tão boa!  Um bom espaço, ampla...  E as crianças da creche ficavam das 7 às 17 horas.  E o Henrique poderia ficar o dia todo também, almoçar lá e tal.  Nossa!  A felicidade do Pietro era tão grande! Ele estava tão feliz em ir para a escolinha!  Ele tinha 2 anos e 7 meses.
No dia dele começar a escolinha ele acordou super animado!  Arrumei uma bolsa com 4 fraldas, lencinho e uma troca de roupa.  Coloquei nele uma roupinha e lá fomos nós.
Chegando na escola fiquei esperando a diretora chegar.  Apesar de nós termos ido na sexta feira lá, ninguém sabia que o Henrique era aluno novo.  Esperamos das 7 às 8 a chegada da diretora.  Nesse tempo nós ficamos esperando no pátio da escola.  Eu estava com os 4 lá, o Francisco no sling.  As crianças, alunos da escola, nos olhavam como se fossemos bichos em um zoológico!  Ficavam espiando pelas janelas escondidos, dando risadinhas, fazendo barulho para chamar nossa atenção...  Um comportamento que começou a me incomodar, pois não era natural de crianças curiosas.  Era um comportamento meio anti social da parte deles.
Em um momento eis que chega uma mãe aos gritos xingando o segurança do portão!  Gritava e ameaçava o cara alegando que o rapaz tinha desrespeitado o filho dela.  Eu vi o que o rapaz tinha feito e não chegava nem perto de desrespeito.  Mas ela só faltou bater no segurança, chamou ele de tudo que é nome feio e falou que o filho dela poderia meter a mão em pessoas assim!  Fiquei suuuuper constrangida, mas deixei passar.
Enfim a diretora chegou com uma cara estranha.  Ela não me conhecia, somente conhecia o Rafael.  Colocou o Henrique na sala da primeira SÉRIE (ele estava no primeiro ANO - equivalente ao pré antigo).  Lá eles não tinham primeiro ano...  Falou que o Henrique não poderia ficar o dia inteiro, afinal de contar ele era muito grande!  Alôô?  Ela mesma não tinha dito que ele ficaria o dia todo???  E depois disso nos levou para a sala do Pietro.  No caminho uma mãe estava na sala da terceira série aramando o maior barraco dizendo que o filho dela tinha apanhado de um colega.  Barraco mesmo, tipo o primeiro.  ela gritava dentro da sala de aula cheia de crianças e falou um monte de palavões.  A diretora me levou até a salinha do Pietro sem parar para ver o que estava acontecendo.
Pensa em um lugar totalmente inadequado para uma criança de 2 anos passar o dia!  Pensou?  Lá era pior.  Uma sala com piso de cerâmica branco, uma TV na parede, meia dúzia de cadeirinhas de plástico e uma dúzia de brinquedos quebrados no chão.  Assim era a sala das crianças de 2 anos.  A porta ficava aperta com uma grade de portão.  Tinha umas 8 ou 9 crianças lá dentro SOZINHAS!  A "tia" tinha saído!  Uma delas pediu para ir ao banheiro e a diretora abriu o portão e o menino foi SOZINHO!!!  Quando a tia voltou eu falei que o Pietro usava fralda e ela torceu o nariz, mas fora isso me pareceu muito simpática!  Falei várias vezes que precisava trocar a fralda dele, pois ele não usava o banheiro sozinho e tal.  Ela prometeu cuidar dele direitinho.  Saí de lá com um aperto no coração que eu não sabia dizer se era por estar deixando ele pela primeira vez longe de mim ou se era pelo lugar tenebroso que ele estava ficando.
11:30 fui buscar o Henrique e encontrei com a "tia" que tinha ficado com o Pietro.  Ela disse que ele estava bem, que tinha almoçado bem e que não era para eu ir lá, pois ele ia querer ir embora.  Peguei o Henrique que no carro começou a chorar.  Eu havia chegado uns minutos antes do fim da aula e tinha visto a professora dele aos berros com as crianças.  Aí eu saí e fiquei esperando no carro até dar o horário.  Quando entrei para pegar o Henrique a professora não estava mais lá.  O Henrique chorou, pois não conseguiu acompanhar a turma (claro!  Eles estava 1 ano na frente dele!!!).  E ele falou que ela xingava todo mundo, chamava os alunos de burro e que no final da aula ela falou que não aguentava mais eles e foi embora.
Fiquei passada!  Saí de lá, fui almoçar.  Fiquei remoendo toda aquela situação.  Antes de ir buscar o Pietro eu resolvi dar uma volta e fui em uma escola que eu tinha ido num outro dia.  Uma escola (pública) também cristã, católica, mas dirigida por freiras.  Fui lá e conversei com elas, falei que não estava satisfeita onde tinha colocado o Henrique e se elas ainda tinham a vaga que me falaram.  Ela pediu para eu voltar no dia seguinte, pois naquele dia uma criança exatamente do primeiro ANO tinha pedido transferência!
Então fui buscar o Pietro.  Cheguei lá e encontrei ele sentadinho com a cara mais triste do mundo.  Quando ele me viu ele veio correndo, me abraçou e começou a chorar.  Peguei ele no colo, senti aquele cheiro de criança suja com comida e xixi e senti a fralda dele na mesma hora.  Peguei a bolsa dele sai de lá!  No carro eu abri a bolsa e olhei dentro: 4 fraldas, exatamente o que eu tinha mandado.  Meu filho tinha passado das 6:30 às 17 horas com a MESMA FRALDA!  Tirei a fralda e a roupa dele toda.  Ele estava cheio de xixi!  Prometi para ele que nunca mais o levaria lá!  Que eu ia arrumar uma escola bem colorida para ele!
Mas antes de qualquer promessa ele me conta que a tia bateu no amiguinho dele.  A história foi assim: o amiguinho acordou a amiguinha que estava dormindo e a tia empurrou o amiguinho que caiu, bateu a cabeça e chorou muito e ele (pietro) chorou muito também pq ficou assustado com a tia, muito assustado!  
Fiquei horrorizada.  Isso é agressão!  Ele estava tão assustado, mas tão assustado que essa história da agressão ele contou por muito tempo aqui em casa.  E era uma coisa que vinha nas horas mais nada há veer, tipo hora do almoço, dentro do carro...
No dia seguinte eu nem levei eles para a escola.  Fui lá e pedi o documento do Henrique, pois tinha arrumado uma escola mais perto.  Ainda não sei o que aconteceu comigo, pois eu fui toda educada, não falei mal, não xinguei nem nada!  Só fui lá e falei que tinha arrumado outra escola para o Henrique mais perto da minha casa.  A diretora virou uma bruxa.  Fez cara feia, disse que lá era muito bom e que depois eu não ia poder voltar lá.  Eu disse que não tinha problema.  então ela perguntou: "E o outro?"  E eu falei que ele tinha ficado em casa, pois estava com sono e não tinha acordado de manhã.  Eu sinceramente pensei em simplesmente nunca falar nada e também nunca mais aparecer lá!  Sabe o que ela disse: "Olha, eu sou muito sincera!  Se você não vai deixar aqui o de sete anos, o de dois não me interessa nem um pouco que fique."  Eu só olhei para ela e falei "Então tá bom!"  Peguei o documento do Pietro e saí de lá para nunca mais voltar!
O Henrique se adaptou muito bem na escola nova!  O Pietro ficou meses sem poder ouvir falar de escola!  Meses falando da agressão que ele tinha presenciado.  Visitei várias escolinhas aqui, todas muito bonitinhas, mas nunca me senti segura em colocar o Pi.  Tenho como vizinha uma escolinha.  Fica duas casas ao lado da minha.  E um dia o Rafa veio com a notícia de que tinha arrumado uma escola para o Pietro e que ele ia começar no dia seguinte.  Eu já havia pensado em colocá-lo lá, mas estava insegura.
Enfim o Pietro foi conhecer a escolinha, amou!  Minha vizinha trabalha lá e isso foi ótimo para ele, pois tinha a segurança de ter alguém conhecido por perto.   
E hoje?  Ele é simplesmente fanático pela escola!  Hoje acordou antes de todos e queria ir para a escola!  Ele ama a "pró" dele, os amiguinhos e toda a escolinha!  Ainda bem que a péssima experiência que ele teve não trouxe maiores traumas.  Ou foi o tanto de carinho que ele recebeu na Crescer que fez o trauma desaparecer!  Mas hoje em dia eu não consigo imaginar o Pietro em casa, sem ir à escolinha dele.  Ele realmente ama estar na escolinha!

Essa carinha de felicidade do primeiro dia é a mesma todos os dias!

2 comentários:

DaniSapoo disse...

Lari... Que experiencia horrivel. Voce pensou em denunciar a outra escola? Eh o minimo que eles merecem. Gente assim nao pode estar com criancas.
Que bom que o Pietro se adaptou na escolinha nova. Aqui Kiyo ama a escola tambem!
Beijos
Dani

Carol Liôa disse...

nossa amiga! fiquei com o coração na mão! quando for a vez da Clarice... nem imagino, axo q vou prestar atenção em tudo isso q vc disse! q bom q vc encontrou uma escolinha melhor! nossa q absurdo aquela escola, mas sabe, foi melhor vc ñ ter dito, teria batido boca com a diretora e teria fica se sentindo mal! mas axo triste algumas mães ñ saberem o q se passa né! bjs amiga!